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A sexta feira da paixão

Atualizado: 17 de mar.


Lucas 22.15-16: E disse-lhes: Tenho desejado ardentemente comer convosco esta páscoa, antes da minha paixão; pois vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus.

É quase inevitável que durante essa semana não nos deparemos com publicações de artigos sobre a Páscoa. Os sites e páginas de facebook estarão em sua maioria preocupados em produzir ou reproduzir textos sobre este importante tema. Não tenho nenhuma intenção de ser redundante sobre este assunto, no entanto, gostaria de meditar um pouco sobre momentos antes do grande dia da ressurreição de Cristo.


E por que a ressurreição de Cristo? Porque Ele sim é o nosso Cordeiro sem defeito, nosso cordeiro pascoal! Na tradição cristã, a "sexta-feira" foi denominada pela igreja católica, como o dia da "paixão", sofrimento de Cristo que o levou a Sua morte. A sexta mais significativa que representa a agonia, os açoites e o sofrimento de Cristo como um todo, antes da Sua ressurreição. Por isso, de forma oportuna, desejo me aprofundar no motivo pelo qual foi definido essa nomenclatura: a sexta da paixão.


O termo Páscoa teve origem há aproximadamente 1445 anos a.C, está presente no livro de Êxodo, onde encontramos um povo sofrido, servindo como escravos por mais de quatrocentos anos no Egito. Assim, Deus escolhe Moisés para cumprir Seus decretos (Ex 3-4), de praga em praga, Faraó endurecido pelo próprio Deus, permite e volta atrás. Libertar o povo da escravidão do Egito foi uma grande missão, ensinamentos marcantes, poder de Deus e maravilhas foi testemunhado por todos. Encontramos na décima e derradeira praga, um caminho sem volta para os egípcios, não havia mais alternativa, os israelitas seriam lançados fora daquela terra.


Então, Deus mandou um anjo destruidor para terra do Egito, com o propósito de eliminar “todo primogênito... desde os homens até os animais” (Êx.12.12). A ordem divina foi sacrificar e isso resultaria em proteção. É onde encontramos por fim o termo Páscoa, do hebraico "pesach", que significa “pular além da marca”, “passar por cima”, ou “poupar”. (Ex 12.11-14) Entendemos o sentido que se torna exclusivo para a tradição judaica. A páscoa é uma festa solene para os judeus, comemorada juntamente com os seus rituais, significa a libertação da escravidão do Egito.


Do mesmo jeito a circuncisão, com todos os seus símbolos e valores, de fato é uma tradição judaica. Como cristãos, temos os nossos dois sacramentos: batismo e ceia do Senhor, ratificando os sacramentos anteriores. O cordeiro da páscoa no Velho Testamento é a prefiguração do que é Cristo, a ressurreição é a nossa comemoração redentiva. Contudo, nossa ênfase nesse texto é lembrar que bem cedo naquela quinta-feira os discípulos foram por ordem de Cristo preparar essa comemoração (Lc 22.8), Cristo havia dito que a hora era chegada,


Ele queria guardar a Páscoa, a festa dos Pães Asmos. (Lc 22.1) Lucas 22.15-16: E disse-lhes: Tenho desejado ardentemente comer convosco esta páscoa, antes da minha paixão (παθειν); pois vos digo que não a comerei mais, até que ela se cumpra no reino de Deus. Nenhuma família israelita poderia compreender o sentido dessas palavras, os discípulos não estavam prontos para discernir o que isso significava. Essa atitude de Cristo de celebrar a páscoa nos mostra que Ele de fato guardou essa páscoa, Ele mesmo foi o cordeiro que definitivamente passaria por cima dos eleitos os representando naquela cruz.


Essa última páscoa tornou-se a instituição da ordenação da Nova Aliança conhecida como a Ceia do Senhor. Celebrar a ceia do Senhor - esta Nova Aliança, esse Corpo e Sangue do Cordeiro que foi imolado - é pensar em um amor que excede o nosso entendimento, esta paixão de Cristo que mudou a nossa vida. Ele diz, no verso acima que antes da minha "paixão", nessa versão a palavra "sofrimento", "padecer" foi traduzida por "paixão". Incrível não? Não quero adentrar no mérito da variação textual, questões de traduções ou variantes. Mas a palavra "παθειν" na versão acima, traduzida por paixão, nos faz pensar que Cristo realmente foi movido por algo forte e determinante.


Creio que pode não ser a melhor tradução, inclusive no tempo em que vivemos, onde esse termo não nos dá uma ideia tão pura assim, mas a ênfase dada aqui se refere ao discorrer da passagem, que começa com a preparação da páscoa, o anúncio do traidor, a instituição da Nova Aliança, a oração e o cântico. A ida ao Monte das Oliveiras, quando o traidor se aproxima, a "falsa" paixão de Pedro, a orelha colocada no seu devido lugar, a prisão, os escárnios, as injúrias, os açoites, a negação daquele que porventura havia dito que estava pronto, a troca por um criminoso, a coroa de espinhos, o peso daquela Cruz, o caminho sangrento e finalmente, a morte no madeiro. Quando observamos e meditamos na “sexta” que Cristo viveu, percebemos muito mais que a "paixão", sentimos o Seu amor incondicional e de fato concordamos que foi perfeito o sacrifício pascoal. É verdade que entre todas estas cenas houve sim um momento espetacular, no Monte das Oliveiras, houve um clamor e no fim da crucificação um brado ressonante: Lucas 22.42 "dizendo: Pai, se queres, afasta de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua." João 19.30 "Então Jesus, depois de ter tomado o vinagre, disse: está consumado.


E, inclinando a cabeça, entregou o espírito." Antes de dizer "está consumado" foi ouvida uma súplica dizendo "se possível afasta de mim este cálice", não havia medo da cruz nem muito menos uma autorização para desertar do propósito eterno. Houve ali uma verdadeira paixão de Cristo, algo que se possível, fosse afastado, mas que independente da vontade Dele, a do Pai prevalecesse. A ira do Pai estava para ser derramada sobre o Filho, esse amor extremo corroia o próprio Cristo, fazendo-o suar sangue, pois haveria de sofrer o derramar da justiça de Deus, ao nos representar naquela cruz! "[...] até que se cumpra no Reino de Deus" Lc 22.16.


E você, caro leitor, está disposto a fazer uma oração como essa? Que paixão, que amor de Cristo! Romanos 5.8 "Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós." A Deus, toda a glória, Rm 11.36.


Recomendo a leitura: Mt 26 e 27; Mc 14 e 15; Lucas 22 e 23; João 18 e 19.


 

Membro da Segunda Igreja Presbiteriana de Maranguape II. Bacharel em Teologia com concentração em Missiologia — STPN, pós graduada em Teologia Exegética — SPN, mestre em Estudos Teológicos — MINTS. Trabalha com Tradução das Escrituras e faz parte do Projeto Missionário Compaixão e Eva Reformada.

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