O ateísmo pode glorificar a Deus?

Em uma palestra que assisti do Jonas Madureira, falando sobre a Arte e a Bíblia¹, fui surpreendida com uma citação que levou-me a refletir sobre os meus dias na Universidade. Porque, no ambiente acadêmico, o ateísmo é encontrado de forma assídua, e, diante de tal incredulidade que ali foi estabelecida, seja pela ciência, pela doutrinação esquerdista, ou, como cita Norma Braga no seu livro Cristianismo e Cultura²: "pelas visões de mundo escoradas em um deus diferente (como no deísmo de Voltaire) ou inexistente (como no ateísmo de Diderot)", temos de refletir sobre a Soberania de Deus em governar essas pessoas. Parafraseando Jonas Madureira, temos que glorificar a Deus mesmo quando um ateu está negando-O, pois Deus deu a ele a capacidade de utilizar sua inteligência para tentar provar que Ele não existe. Imagine alguém que dá glória à Deus quando ouve um ateu utilizando-se de argumentos contra o nosso Senhor. Isso é estranho para você? Para mim, sim. Mas, ao mesmo tempo, trouxe consolo ao meu coração, porque veio-me a memória que a salvação pertence ao Senhor (Jn 2:9). Logo, independente da minha apologética, ele continuará negando-O, se assim for a vontade de Deus sobre esse indivíduo. Então, será que, diante disso, deveríamos ficar calados e estáticos? E devemos nos calar enquanto a sociedade ou o governo impelem-nos de que a nossa fé seja apenas algo particular? Lembre-se, primeiramente, do “Ide.” (Mt 28:19-20) e, em seguida, de Romanos 10.13-15: “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?”. Trazendo em nossa memória esses versos já obtemos uma resposta. Portanto, questiono-me o motivo do receio que temos em falar sobre a verdade bíblica para as pessoas ao nosso redor, mesmo sabendo que devemos seguir a ordem de Mateus 28. Seria por medo de sofrermos represálias? Seria por receio ou sobre nossa expectativa de ser desaprovado por alguém? Seria por medo de ouvir argumentos sobre Deus não existir? John Stott disse, em seu livro O Nosso Silêncio Culpado³, que: “Às vezes o nosso silêncio trai a nossa falta de convicção e experiência cristã. Mas, mesmo quando temos a certeza do Evangelho e conhecemos seu poder em nossas próprias vidas, ainda ficamos inibidos pelo acanhamento natural, por tabus convencionais e pelo medo do ridículo ou de uma rejeição.” Em seguida, John Stott afirma que “esconder as Boas Novas no silêncio é incorrer em culpa, pois falar e ensinar todas as coisas das Escrituras é uma ordenança de Cristo em nossas vidas”. Contudo, sabemos que falar sobre o evangelho é uma ordem e não devemos recuar, seja qual for o motivo. Devemos ser persistentes e, publicamente, nos posicionarmos com argumentos bíblicos nas diversas situações sobre o que e quem cremos; falar sobre nossa fé a outros; falar sobre a Ordo Salutis (Ordem da Salvação) e o Tota Scriptura (Toda a Escritura). Enfim, o “Ide” e o “Ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” é a resposta para não ficarmos calados e estáticos diante de uma sociedade incrédula. E, no mais, glorifique a Deus quando ouvir alguém negá-Lo. Porque foi o próprio Deus que deu-lhe inteligência, embora, devido o pecado, a utilize para tentar provar que Ele não existe. E, lembre-se da soberania e providência de Deus sobre essas pessoas. Então, o ateísmo reverte em glória à Deus? Sim, devemos entender que um ateu também está glorificando a Deus, “Porque a Escritura diz a Faraó: Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra. Logo, tem ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz.” (Rm 9:17-18). Contudo, Ide e glorifique a Deus em todas as coisas. Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua misericórdia e da tua fidelidade — Salmos 115.1. 1. A Arte e a Bíblia | Jonas Madureira | IBNU, YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=FQW8foxj0dM&t=3474s 2. BRAGA, Norma. Visão Cristã Sobre Cristianismo e Cultura. Editora Visão Cristã. 3. STOTT, John. Nosso silêncio culpado. Editora Esperança, p. 19.

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Clara Costa

Cristã reformada e nutricionista.