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Atributos de Deus: Justiça

Atualizado: 17 de mar.



CONCEITO

Deus é essencialmente justo, absolutamente reto, exigentemente correto e sempre age de uma maneira consistente com o que Ele é. A palavra justo é uma tradução da palavra hebraica 'tsadikk' e do termo grego correspondente 'dikaíos'. Os dois termos indicam a justiça, a retidão ou excelência moral de Deus. Em Deus não há nada dúbio, inconstante ou falso. Seus decretos, juízos e obras são absolutamente perfeitos. É importante compreender que como os outros atributos de Deus, a justiça é intrínseca e inerente. Não é opção de Deus ser justo ou não ser, a justiça é sua essência, sua natureza. Para deixar de ser justo, teria que deixar de ser Deus. Deus é justo, Ele faz justiça e julga com justiça.


O que significa a Justiça de Deus? O recebimento do que merecemos. Ele é um juiz imparcial, julga a causa com exatidão. Nas palavras de Thomas Watson [1], "a justiça de Deus é santa, segue com Seu padrão justo, é natural ao seu Ser, é perfeita, exata e definitiva. É vista na premiação dos justos e na punição dos ímpios". A santidade de Deus é refletida em Sua lei, quando a lei é infringida, a santidade de Deus o move a expor Sua justiça em ira. É interessante como Heber Carlos dividi essa questão da Justiça divina, em seu livro "O Ser de Deus e Seus atributos" ele considera a justiça de Deus de duas maneiras: Justiça absoluta e relativa. Logo mais adiante, o próprio autor faz distinções as aplicações à justiça de Deus. Ele pontua da seguinte forma:


1- Justiça governativa

2- Justiça distributiva

3- Justiça retributiva


Segundo Berkhof [2], justiça absoluta é definida como "aquela retidão da natureza divina em virtude da qual Deus é infinitamente justo em si mesmo". Ligada à Sua santidade, a justiça absoluta define o modus operandi de Deus em relação as suas criaturas. O mesmo Berkhof [3], menciona a definição da justiça relativa, significando "aquela perfeição de Deus por meio da qual ele se mantém contra toda a violação da sua santidade e deixa manifesto em todos os sentidos que ele é santo". A manifestação da justiça em dar a cada um conforme merecimento.


1- Sobre a Justiça governativa, Heber Carlos de Campos [4] comenta: "É aquela que Deus impõe como governante dos bons e maus. Ele é o legislador e põe os homens debaixo de suas leis. [...] impõe uma lei justa sobre os homens, com promessas de recompensas para o obediente e advertências de castigo para os transgressores"


2 - A Justiça distributiva refere-se a retidão de Deus na aplicação da lei, ou seja, distribuição das recompensas ou castigos. Fazendo referência a recompensa dos justos, chama-se Justiça remunerativa, isto é, são condicionais (Dt 7.12-14), não são meritórias (Lc 17.10) e são produto do pacto (1Cr 29.14).


3 - A Justiça retributiva, refere-se a execução das penalidades, isto é, associada a ira divina, nesse ponto Deus não precisa do pacto, a punição do mal por conta da Sua natureza é de fato necessária. Sobre isso escreve Herber Carlos de Campos [5], "Deus não precisou entrar num pacto para castigar o mal, como o fez para recompensar a santidade. O pagamento no caso da transgressão não é pactual, mas necessário, por causa da natureza divina". O pecador não passa desapercebido por Deus sem punição.


EXPOSIÇÃO BÍBLICA


As Escrituras transbordam de declarações a grandeza da Justiça divina, Antigo e Novo Testamento em unidade, de forma uníssona declara com toda força esse atributo. Salmo 89.14 “Justiça e juízo são a base do teu trono; misericórdia e verdade irão adiante do teu rosto".


Deuteronômio 32.4 "Ele é a Rocha; suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são justos; Deus é fiel e sem iniquidade; justo e reto é ele".


Jó 36.23 "Quem lhe prescreveu o seu caminho? Ou quem poderá dizer: Tu praticaste a injustiça?


"Isaías 45.21 "Anunciai e apresentai as razões: tomai conselho todos juntos. Quem mostrou isso desde a antiguidade? quem de há muito o anunciou? Porventura não sou eu, o Senhor? Pois não há outro Deus senão eu; Deus justo e Salvador não há além de mim".


João 17.25 "Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheço; conheceram que tu me enviaste;"


Apocalipse 16.7 "E ouvi uma voz do altar, que dizia: Na verdade, ó Senhor Deus Todo-Poderoso, verdadeiros e justos são os teus juízos."


Deuteronômio 4.8 "E que grande nação há que tenha estatutos e preceitos tão justos como toda esta lei que hoje ponho perante vós?"


POSSÍVEIS DIFICULDADES E SOLUÇÕES


Acredito ser umas das grandes questões teológicas da humanidade, como Deus sendo Justo pode perdoar um pecador? Como sendo Justo pode justificar o ímpio? Veja o que diz em Êxodo 34.6-7:


"Tendo o Senhor passado perante Moisés, proclamou: Jeová, Jeová, Deus misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade; que usa de beneficência com milhares; que perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado; que de maneira alguma terá por inocente o culpado; que visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até a terceira e quarta geração."


Como perdoar as transgressões, pecado e iniquidade, se não pode inocentar o culpado? Somos culpados e Deus é justo, essa seria a resposta da nossa eterna condenação. Um juiz justo não pode absorver um criminoso, seria esse juiz corrupto se assim o fizer. Como podemos então compreender umas das ou a mais importante doutrina bíblica, justificação pela fé? Nas palavras do Stott [6] temos uma definição:


"Justificação é um termo legal ou jurídico, extraído da linguagem forense. O contrário de justificação é condenação. Os dois são o decreto de um juiz (onde se declara o julgado como culpado ou inocente do crime cometido).Dentro do contexto cristão eles são veredictos escatológicos alternativos que Deus como juiz, poderá anunciar no dia do juízo (Hb 4.13). Portanto, quando Deus justifica os pecadores hoje, está na verdade antecipando o seu próprio julgamento, isto é, trazendo até o presente o que de fato faz parte dos últimos dias"


A justificação é a declaração judicial de Deus, absolvição do indivíduo como se nenhum crime o tivesse cometido. A justiça de Cristo é a base da nossa justificação, o sacrifício de Cristo na cruz imputa em nós a justificação, representando-nos. O que acontece? Deus em Cristo, nos reconciliar com Ele mesmo, a obediência sacrificial de Cristo satisfaz a ira de Deus que era pra ser derramada sobre nós - pecadores, no entanto, em Cristo fomos perdoados e justificados, sobre o mérito de Cristo, Deus nos considera como filhos.


Romanos 8.30 "e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou."


Deus como autor da justificação, sua graça que nos torna bem aventurados, tendo como base a justiça de Cristo e isso por meio da fé, o que precede isso é o ato de Deus em Cristo antes de todas as coisas - regenerando o eleito. A regeneração trazendo em nós o dom da fé, fazendo- nos despir de todos os méritos e obras, confiando apenas em Cristo como o autor e consumidor da nossa esperança.


Romanos 3.23-26 "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs como propiciação, pela fé, no seu sangue, para demonstração da sua justiça por ter ele na sua paciência, deixado de lado os delitos outrora cometidos; para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e também justificador daquele que tem fé em Jesus."


Romanos 5.18 "Portanto, assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação e vida".


2 Coríntios 5.21 "Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus".


APLICAÇÃO


Conhecer a Deus e os Seus atributos nos leva a uma vida prática de devoção, meditação, arrependimento, comunhão, adoração bíblica. O reflexo de um coração ferido pela palavra gera um comportamento quebrantando e consequentemente uma vida autêntica no Evangelho.


Como aplicar o conhecimento da justiça de Deus em nossas vidas? Passaremos o resto da vida e ainda sim não teremos como compreender a majestade da Sua justiça, sobre a doutrina da justificação somos completamente afetados por um êxtase, devemos admitir que é extremamente alto ou profundo demais adquirir tal conhecimento. Podemos ao menos de forma verdadeira nos regozijar na certeza que em Cristo fomos justificados, plenamente cobertos aos olhos do Senhor.


Louvemos ao Senhor por tão sublime obra e decreto! Que possamos viver de forma digna, que possamos honra-Lo com o nosso coração e não somente com nossos lábios.


Romanos 4.7-8 "Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputará o pecado".


NOTAS

[1] WATSON, Thomas. A fé cristã - Estudos baseados no Breve Catecismo de Westminster. São Paulo: Cultura Cristã, 2009.

[2] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 2013, p.77.[3] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 2013, p.77.[4] CAMPOS, Heber Carlos. O Ser de Deus e os Seus Atributos, p. 342.[5] CAMPOS, Heber Carlos. O Ser de Deus e os Seus Atributos, p. 347-348.[6] John Stott. Romanos, pág 124.


 

Membro da Segunda Igreja Presbiteriana de Maranguape II. Bacharel em Teologia com concentração em Missiologia — STPN, pós graduada em Teologia Exegética — SPN, mestre em Estudos Teológicos — MINTS. Trabalha com Tradução das Escrituras e faz parte do Projeto Missionário Compaixão e Eva Reformada.


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